Acabei de ver uma reportagem sobre depressão na televisão. Eu sempre fico atento a estas reportagens pois as considero oportunidades valiosas de levantar este tema e aumentar, sempre que possível, o grau de esclarecimento das pessoas. Isso é importante.
O que quero trazer aqui é simples: o tratamento medicamentoso não é suficiente.
Isso mesmo. Não é suficiente mas, em muitos casos, é fundamental. De forma temporária ou, algumas vezes, mais definitiva, as medicações para tratar depressão têm evoluído muito e hoje, quando bem utilizadas, são extremamente valiosas nos tratamentos dos pacientes... mas não são mágicas. Podem executar muito bem suas funções se forem bem indicadas e tiverem o ambiente favorável para trabalhar.
Pense como se fosse semear alguma coisa. Você precisaria de boas sementes, correto? Vamos ver as medicações, bem indicadas, como estas sementes. Agora, além disso, você precisaria de um terreno adequado, de qualidade, com os nutrientes certos para o crescimento das plantes, certo? Este terreno é o organismo do paciente. Se o organismo não estiver suficientemente saudável, em termos de vitaminas, minerais e outros fatores de regulação interna, os medicamentos, não raro, não vão funcionar direito.
É uma ciranda de elementos que se interconectam. Triptofano, niacina, magnésio, riboflavina, inositol, colina, DHA, EPA, fosfatidilserina, zinco, selênio e muitos outros elementos estão envolvidos em processos que interferem diretamente na neuroquímica humana. A regulação da tireóide, das supra-renais e das gônadas também é fundamental. Sem tudo isso, uma tentativa de tratamento muito bem planejada pode ter seus resultados totalmente comprometidos.
Além dos elementos envolvidos, a forma como são metabolizados, que pode sofrer interferência de inúmeros fatores externos e genéticos, também é determinante para o resultado. É muita coisa!
Se você pensar que o sono, as relações interpessoais e os exercícios físicos também interferem em tudo, você vai chegar à conclusão de que os hábitos de vida, quanto mais saudáveis, mais contribuem para o sucesso do tratamento.
Dito tudo isso, vamos considerar o seguinte: será que dá pra tratar tudo isso unicamente com a assistência do psiquiatra?
Este profissional, árduo combatente das mazelas da mente humana, é fundamental para um tratamento bem executado, mas suas armas têm um alcance que guarda algumas limitações. Além da necessidade de todas as regulações acima citadas, as medicações não exatamente "tratam" o paciente, mas sim te dão a capacidade de alcançar a cura via psicoterapia. Entra em cena o profissional psicólogo.
É como se as medicações e o psiquiatra fossem as muletas e o gesso (fundamentais), mas a psicoterapia é o que faz realmente "o osso colar". Visto tudo o que citei acima, entram também, como complementos muito importantes para o tratamento, o nutricionista, o médico ortomolecular e o educador físico. Outros terapêutas costumam agregar ainda mais resultados positivos aos tratamentos.
Em resumo, o tratamento da depressão é melhor executado e alcança melhores resultados se for realizado de forma multidisciplinar. As múltiplas visões e ações dos profissionais envolvidos, cada um em sua área, trazem partes valiosas do sucesso do tratamento, ajudando no esforço de afastar as pessoas desta situação que envolve tristeza e dor, tanto de si mesmas quanto de suas famílias.
Vamos pensar em conjunto que o resultado é melhor.
"Andorinha só não faz verão."
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