Muitas vezes me perguntam:
"- Adolfo. Por que você deixa seus pacientes tomarem refrigerante zero no início do tratamento?"
Ou mesmo:
"- Por que você não corta o álcool pra sempre da vida deles?"
Sabe o que eu respondo? Por que eu quero que eles consigam executar o que lhes for proposto.
Iniciar um processo de reorientação de hábitos de vida, que envolve alimentação, hábitos de sono, respiração, hidratação e respeito às necessidades fisiológicas do organismo não é nada fácil. Não raro um paciente precisa mudar 70% dos seus hábitos de vida para se adequar às propostas que o levarão a alcançar seus objetivos. Isso é complicado! Imagina se formos 100% rígidos em tudo, praticamente espartanos?! Quem falhar vai pro poço?!
É preciso raciocinar muito e tentar disponibilizar para o paciente as restrições em equilíbrio com pequenas liberações, de forma que ele consiga executar o plano com menos sofrimento. Isso é uma tentativa de garantir a adesão ao tratamento. Tem muita coisa que não pode ser flexibilizada nos tratamentos que conduzimos e esta rigidez pode ser equilibrada com uma flexibilidade temporária em alguns outros sentidos.
Eu sei muito bem o malefício causado ao organismo pelos adoçantes e o ácido fosfórico. Também não deixo de considerar que a caseína pode não ser legal para muitos. Não esqueço que o processo de fritura, se mal executado, vai fazer mal também. O caso é que simplesmente não se muda tudo na vida de uma pessoa assim, de repente. Acredito que devemos lançar as propostas ao longo do tratamento, como metas a serem alcançadas e não como um pacote utópico e estanque que, em um primeiro momento, vai parecer impossível de seguir para qualquer ser humano comum. É preciso ponderar pois, senão, todo o esforço pode ser comprometido. A cada etapa vencida, corrigimos mais um elemento. Desta forma, ao final do processo, todos os hábitos negativos podem ser transformados em hábitos positivos.
Podemos desenhar um processo de mudança gradual, que envolva algumas atitudes pontuais mais radicais mas que absorva outras mudanças menos drásticas e, até mesmo, a manutenção temporária de alguns hábitos não tão desejáveis. Com o tempo e a tomada de consciência, estes itens não resolvidos poderão receber igual atenção e ser ajustados adequadamente. Tudo a seu tempo, sem grandes traumas além dos que sejam estritamente necessários.
Vamos mudando, para melhor, mas da melhor maneira.
Devagar e sempre? Não! CONSTANTE e sempre. COERENTE e sempre.
PONDERADOS e sempre.
EQUILIBRADOS.
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