Este texto é uma contribuição da nossa colaboradora Aline Del Raso, psicóloga que também participa da equipe Sallus - Saúde Integrada.
O comportamento alimentar
tem bases biológicas, sociais e psicológicas. A primeira delas fala acerca da
necessidade fisiológica de se alimentar, que é regulada por fatores endócrinos,
metabólicos e neuronais, existindo estruturas cerebrais, tais como o
hipotálamo (saiba mais aqui), que regulam as sensações de fome, sede e saciedade. A segunda nos
lembra dos padrões de beleza e saúde instituídos a cada 10 anos ou a cada
mudança de século, o que faz com que boa parte da sociedade trace uma busca
implacável por um objetivo, muitas vezes, imposto socialmente, e distante do
verdadeiro desejo de cada um. Por último consideraremos os fatores psicológicos
que são os determinantes para a manutenção de um determinado comportamento
alimentar, ou para uma mudança que passe por uma aceitação profunda do sujeito
e uma efetiva motivação para alcançar melhor uma qualidade de vida.
A escolha por uma
alimentação saudável não depende apenas do acesso a informações nutricionais
adequadas. O comportamento alimentar costuma ser regulado pelo prazer que os
alimentos proporcionam, e são as atitudes aprendidas desde muito cedo, na
família e na sociedade, que determinam a forma como cada indivíduo se alimenta.
É possível afirmar que boa parte das pessoas ainda não conseguiu desenvolver a
capacidade adequada para lidar com as suas próprias emoções tendendo a
traduzi-las como fome. Muitas vezes o mal estar que não pode ser descrito em
palavras é literalmente engolido e substituído pelo prazer que vem de fora,
proporcionado, muitas vezes, pela comida.
Logo, podemos dizer que você não é o que come, você come aquilo que você
não consegue digerir psiquicamente.
Assim, antes de modificar o
comportamento alimentar na tentativa de alcançar os padrões de beleza impostos
pela sociedade é preciso cuidar do significado do ato de comer, nesse sentido
algumas perguntas podem ser feitas: Para que eu como? O que eu compenso com a
comida? Como o meu ato de comer fala de mim? Caso essas questões tragam
reflexões ou algum incômodo é possível que comer não seja apenas um ato de
nutrir o seu organismo. Nesse caso é aconselhado que haja um cuidado maior no
entendimento da formação da sua identidade pessoal, que inclui aspectos
neurofisiológicos, pessoais e sociais, assim como da sua consciência acerca do
seu corpo e da sua existência.
Nesse sentido, emagrecer
pode ser um ato de amor para consigo, mas pode se tornar um momento de intenso
sofrimento. O que costuma ser decisivo na forma como se encara o processo é o
nível de aprofundamento que se tem a respeito de si mesmo, a auto-estima, o
suporte interno e o acompanhamento de profissionais qualificados e sensíveis.
Aline Del Raso
CRP 03/03579
alinedelraso@yahoo.com.br
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