quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Mente sã num corpo são

Mais uma excelente contribuição da nossa colaboradora, a Psicóloga Débora Franco, aproveitando para comemorar o dia do Psicólogo.

PARABÉNS A TODOS OS PSICÓLOGOS!

Já percebeu que, não importa quanto tempo você esteja fazendo dieta, tem um momento que você surta diante da comida?


Nós somos puro orgulho dos nossos quilinhos perdidos, mas parece que, de repente, somos dominados pelo desejo incontrolável de comer – especificamente carboidratos e açúcares. A sensação que dá é de que todas as lições e estratégias que foram incorporadas no nosso novo estilo de vida se escondem nas entranhas do infinito e só a bendita tentação vai devolver aquela paz de espírito, alegria e alívio que nós precisamos. Faz um flashback: o que passava na sua cabeça minutos antes de comer? Cadê os pensamentos que controlavam nosso impulso de comer? Parece que tudo o que vem a mente é uma série de argumentos que te dizem: se joga, colega! É por isso que comecei o texto com a citação do poeta romano Juvenal que destaca que o equilíbrio do corpo se reflete na saúde da mente. Mente aqui usada figurativamente para falar dos comportamentos de pensar, sentir e desejar. Será que seus pensamentos e anseios que levam a comer excessivamente são aleatórios e frutos de maus hábitos?

Acho que é importante que você saiba que uma gama de comportamentos são influenciados por uma parte do corpo chamada hipotálamo... mas o que é o hipotálamo?!

Em palavras simples, o hipotálamo é uma região do cérebro que fica abaixo do tálamo (o significado do nome do hipotálamo é “sob o tálamo”). Ele é do tamanho de uma amêndoa e corresponde a 1% do volume do cérebro, entretanto isso não diminui a sua importância e seu poder de influência. Ele controla processos metabólicos e outras atividades fundamentais para homeostase ou equilíbrio do organismo – tá vendo como Juvenal cai bem neste texto? Na parte que nos interessa, ele exerce funções essenciais no processo de aprendizagem, memória, escolha, controle e consumo de alimentos. Alguém tem dúvida que o comer excessivo e pouco seletivo é um comportamento aprendido? Talvez sim, mas provavelmente não soubesse que é monitorado pelo hipotálamo. Ele também pode ser chamado de “sistema de recompensas do cérebro”, já que ele codifica e registra cada experiência que o organismo tem com uma vivência – isso inclui a experiência alimentar. 

Comer é uma experiência sensorial forte e que pode ser associada a momentos prazerosos (falei sobre este aspecto no ultimo post). Obviamente, seu cérebro registra isso como faz com todos os outros comportamentos fundamentais para sua sobrevivência. A ingestão excessiva de carboidratos se dá pelo seu valor energético, sabor e estado corporal. Exemplo: Uma pessoa que vive profundo estresse tende a se sentir cansado, cabisbaixo e seu corpo reflete isso com dores musculares. Uma “pequena” ingestão de carboidratos passa a informação para o nosso sistema de recompensas (Hipotálamo) que esta é uma boa estratégia para driblar com o desequilíbrio que a ansiedade provoca. Por quê? Ele irá liberar serotonina e dopamina, que são responsáveis pela sensação de bem estar. Numa outra situação semelhante, provavelmente o corpo pedirá para você repetir a experiência (faz isso de novo porque deu muito certo!).

Significa que somos reféns do Hipotálamo? Obviamente que não. Toda aprendizagem é passível de ressignificação ou substituição. Podemos aprender novos comportamentos que sejam mais adaptativos e adequados a nossa realidade. Isto inclui o comportamento nutricional. Para tanto é interessante compreender que o corpo leva tempo para se readaptar com as novas circunstancias e tenderá a recorrer a antigas estratégias que foram devidamente registradas como bem sucedidas. Qualquer processo de reeducação alimentar deve ser acompanhado por um médico especializado que verificará os possíveis desequilíbrios metabólicos. Desta forma, chegar ao seu objetivo pode ser uma experiência menos penosa já que seu corpo estará são. E a mente? Pode ser que seu bem estar físico se reflita no seu bem estar emocional o que será ótimo! Ou em alguns casos pode ser que precise de psicoterapia para ajudar a lidar com seus anseios, frustrações e escorregadas (são inerentes ao processo). Seja qual for a sua escolha, lembre-se em ver seu corpo como um todo e que a chave para ser bem sucedido é abraçando toda a sua incrível complexidade.
  
Débora Franco
Psicóloga especialista em Análise do Comportamento
(71) 9183-0049

deborafrancopsi@yahoo.com.br