sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A tal da FORÇA DE VONTADE.

Hoje o POST vai ser mais livre, menos técnico.

Atendi uma paciente que me veio com uma afirmação que eu ouço com muito mais frequência do que eu gostaria: "eu não tenho força de vontade."

Toda vez que eu ouço isso, eu penso: "quem foi o desgraçado que inventou essa idéia?"

Não sei quem foi o infeliz que inventou de determinar se as pessoas têm ou não essa tal de "força de vontade", mesmo porque eu não consigo definir direito esse troço. Encontro um monte de explicações por todo lado, mas fica parecendo uma entidade fantasmagórica ou mágica que as pessoas "de sucesso" têm de sobra e as "fracassadas" não têm. Isso atrapalha todo tipo de tratamento, pois todos tendem a se julgar como tendo ou não o tal "super-poder".

Agora, falando sério, eu até encontrei umas definições interessantes sobre isso, mas tudo me parece uma mistura de alguns gramas de resiliência com umas colheradas de resignação, adicionado o molho composto por condições favoráveis. É multifatorial pra caramba e vago pra cacete!

O que costumo encontrar, na prática, são pessoas muito boas e focadas em algumas coisas e nem tanto em outras. Todas têm MUITOS motivos pra ser assim, considerando a resultante de absolutamente todas as suas vivências... de toda a sua VIDA! Não acredito que ninguém seja fundamentalmente fraco ou forte, mas sim no fato de que a neuroquímica de cada um é diferente e responde, de forma individual, a toda a carga de experiências que cada pessoa traz.

A paciente que citei, por exemplo, é uma profissional, cuida de 2 filhos, o marido (que quase sempre é como mais um filho, tenho que admitir), está estudando para realizar uma prova de concurso público super-disputada e quer me dizer que não tem a tal da força de vontade porque tem dificuldade para seguir a dieta que eu propus pra ela!!!!! (?!?!?!?!?!) Será que uma pessoa que dá conta de tudo isso tem, realmente, falta de força de vontade, ou será que ela está simplesmente sem mais energia disponível pra tanta coisa?! Será que não é uma simples associação de circunstâncias desfavoráveis? Não pode ser apenas cansaço e desgaste? Garanto pra você que ela é, na verdade, uma pessoa super capaz, que se supera todos os dias, em um monte de coisas, não sobrando tanta energia, talvez, pra mais uma "obrigação".

Acredite. Você cansa! Eu canso! Todos cansamos e temos limites. Qualquer pessoa é mais capaz com as circunstâncias favoráveis e menos capaz com desfavoráveis. É óbvio que vamos ver, a todo tempo, pessoas superando limites. Isso é ótimo mas, além disso, é a resultante de um tantão de forças que a impulsionaram neste sentido.

O que quero dizer é o seguinte: aquela "super-pessoa" que você viu alçando vôos maravilhosos e rompendo as "maiores barreiras do Universo" é uma felizarda simplesmente por ter conseguido agregar as condições adequadas no momento necessário. Merece crédito, sem dúvida, mas não é um "ser iluminado e diferenciado" de você. VOCÊ também é capaz de realizar grandes feitos, desde que agregue as condições necessárias. VOCÊ também pode romper barreiras aparentemente intransponíveis, desde que se disponha a isso. Se a tal "força de vontade" for a disposição para realizar, aliada a condições adequadas, então qualquer um a tem, sacou?

Force sua cuca e force os circunstâncias no sentido que te favoreça. Dê uma lida neste post e veja mais sobre isso, relacionado com dietas.

Conquiste a tal força de vontade. Ela é de todos!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Quem tem medo do hormônio mau, hormônio mau, hormônio mau?

Vamos falar de hormônios hoje. Sabe por quê? Porque precisamos falar muito sobre isso, esclarecer dúvidas e quebrar velhos tabus. Precisamos começar a compreender, de fato, pelo menos o pouco que realmente sabemos sobre eles para parar de pensar besteira, falar bobagem e fazer asneiras.

Antes de tudo, vamos compreender o que são hormônios.

Estas intrigantes e fantásticas substâncias, produzidas por nossas glândulas endócrinas e alguns neurônios especializados. Têm inúmeras funções no nosso organismo, servindo como um tipo de comunicação entre tecidos diferentes e distantes. Por exemplo, a hipófise produz TSH (Hormônio Tireo Estimulante) que chega na tireóide e a estimula a produzir seus hormônios, fundamentais para a regulação metabólica de todo o nosso corpo. Estes mesmos hormônios, produzidos pela tireóide, quando chegam à hipófise, através da corrente sanguínea, "informam" que a produção está ocorrendo e a liberação de TSH diminui. Interessante, né?

O que quero te mostrar é que estas substâncias chegam a outros tecidos e os incitam a "tomar atitudes", regulando suas ações e suas relações com outros tecidos, mantendo a harmonia entre os órgãos e tecidos. É isso que hormônios fazem: harmonizam o organismo... quando tudo está funcionando direitinho.

Quando não funciona, a desarmonia impera. Pense em um pâncreas que, por algum motivo, não produza insulina adequadamente. A insulina é o principal hormônio de regulação dos níveis de açúcar no nosso sangue. Se o pâncreas não consegue produzi-la direito, estamos falando da instalação de um quadro de diabetes! Quer mais desarmonia do que isso?

Este balé hormonal se manifesta, de forma muito ilustrada, no crescimento humano, no período da puberdade. Quando a criança começa a se tornar um adulto, os hormônios são responsáveis por ordenar, a diversos tecidos, que "mudem de atitude" e desenvolvam as características sexuais secundárias, começando a preparar a pessoa para a vida adulta e suas funções reprodutivas. São inúmeras alterações estruturais e de regulação entre tecidos que precisam "se comunicar" para que tudo possa ocorrer (novamente) em harmonia.

Então é isso. Já temos uma idéia de que os hormônios são sinalizadores entre tecidos e órgãos, servindo como reguladores fundamentais das funções normais do organismo e de seu desenvolvimento. São importantíssimos e eu posso te garantir, com 100% de certeza, que nenhum deles tem a "função de gerar câncer". Parece lógico, não?

Vamos agora partir para um outro raciocínio. Ao longo da infância e adolescência, falando em hormônios sexuais agora, há uma elevação paulatina dos seus níveis no sangue, notadamente a partir da adolescência. Esta elevação vai atingir seu pico entre 19 e 22 anos de idade (este período varia) e, a partir dos 25, vai alcançar um platô e... começar a cair. É isso mesmo. A partir daí, os valores vão começar a diminuir e a disponibilidade destas maravilhosas substâncias reguladoras e estimulantes do desenvolvimento do organismo vai se tornando cada vez menor. As "pausas" começam aí, apesar de só ficarem óbvias muitos anos depois.

Tome como exemplo a menopausa. Entre os 46 e 56 anos de idade, mais ou menos, as mulheres costumam "entrar na menopausa". Isto é definido como a partir do momento em que a menstruação já estiver sem acontecer há 12 meses. Pode (e deve) ser checado nos exames de sangue também. É um acontecimento bem marcante e ilustrado pela ausência do sangramento e dos sintomas que costumavam vir com ele, mas tem um detalhe importante. Esta "menopausa" não acontece neste momento, exatamente. Ela já "vem acontecendo" há muito tempo, desde quando os níveis hormonais começaram a declinar, lá na juventude dos 26 anos, culminando na ausência de menstruação agora. É o resultado de muitos anos de queda hormonal até alcançar um limiar onde os ciclos ovarianos cessam.

Sabe o que tem de mais interessante nisso? Muitos anos de queda hormonal significa muitos anos de redução da presença destes fatores químicos de harmonização entre os tecidos. Significa que, ao longo do tempo, os tecidos que dependem dos hormônios em questão para se manter regulados, foram ficando cada vez menos regulados. Menos harmônicos com o todo que é o organismo. Uma tradução disso é o próprio envelhecimento, a perda de capacidades físicas e mentais, a queda da libido e muitas mudanças comportamentais.

Agora vamos avançar este raciocínio mais um pouquinho. Se estes tecidos passam 20 a 30 anos com cada vez menos hormônios regulando suas funções, você imagina quantos problemas podem surgir ao longo de todo este tempo? Pense em uma equipe de trabalho que vai, aos poucos recebendo cada vez menos orientações de seus chefes, chegando ao ponto de nem ter mais a presença franca desta chefia. Não vão ser cometidos erros que podem levar ao fracasso do trabalho?

Por tudo isso que expliquei, trago a pergunta: será que a presença de hormônios pode trazer problemas ou, na verdade, sua falta crônica é que traz verdadeiramente doenças e distúrbios ao organismo? Você já viu pessoas jovens, cheias de hormônios naturalmente, apresentarem cânceres dependentes de hormônios ou você vê isso em pessoas com mais idade e, consequentemente, que já vivem há muitos anos em falta de níveis hormonais adequados?

Eu te digo: uma reposição hormonal bem executada, respeitando as características de cada paciente, só pode trazer muitos benefícios. Se for iniciada mais cedo, com o intuito de diminuir cada vez mais a falta destas fantásticas substâncias no nosso organismo, considerando os limites fisiológicos, melhor ainda.

Procure um profissional qualificado, que tire suas dúvidas com explicações que vão além de conceitos antigos e sem fundamento e que tenha responsabilidade em suas prescrições. Ele será seu maior aliado.