domingo, 28 de agosto de 2011

Prevenção sim, neurose não



Sabe quando alguém chega pra você e pergunta: "Você usa filtro solar?" Se usa, vem aquele pensamentozinho ruinzinho na cabeça: "Abestalhado... quem é que não sabe que tem que usar?" Agora, se não usa, vem uma culpa desgraçada à mente junto com: "Câncer de pele. Eu estou me matando! Ooooooh! Como posso ser tão descuidado(a)?!"

Que coisa, né?

Nos últimos anos, proliferou bastante a idéia da prevenção. A percepção de que evitar as doenças é melhor e mais barato do que lidar com elas depois que se instalam em nosso organismos veio para ficar e só aumenta. Este pensamento é tremendamente correto e benéfico, gerando maior qualidade de vida e uma longevidade que vale a pena.

O problema somos nós.

Gente tem essa mania de exagerar nas coisas. Em tudo tem o extremista que quer levar tudo ao pé da letra... a ferro e fogo... e quer arrebanhar um monte de seguidores ao seu redor, em sua mais recente religião do CUIDADO A TODO CUSTO. São aquelas pessoas que se cercam de informações sobre prevenção, das mais variadas maneiras, e querem colocar absolutamente TODAS em prática e AO MESMO TEMPO.
Rapaz, como isso é complicado! Se vai se expor ao Sol, coloque o filtro solar. Aí se descobre que aquele filtro "excelente" que você estava usando tem substâncias cancerígenas... e que a luz artificial dentro de casa também causa mal a sua pele... bem como a TV. E tem também o ar. O ar tá todo contaminado. E você respirando aí essa porcaria! É monóxido de carbono, fuligem, hidrocarbonetos variados... até os perfumes para ambientes, desodorizadores, partículas de pele e pelos em suspensão... que gororoba! Sem falar na água, tratada com sais de alumínio, de onde vem uma grande contaminação... com patículas da tubulação e até do próprio filtro. Os plásticos também participam da orquestra do terror. Se aquecido o alimento dentro deles, substâncias nocivas são liberadas para o alimento e, aí, já viu... risco de câncer. Por aí vai.

Eu acredito e defendo a adoção de todas as medidas necessárias para evitar essas contaminações e adulterações nocivas das características dos alimentos, do ar, da água, da nossa relação com o mundo. O que eu quero que você veja é o seguinte: ainda não temos como evitar tudo, colocar tudo em um limite de segurança perfeito. Ainda não temos mecanismos de controle e nem conhecimento bastante para ficar totalmente seguros do ponto de vista do riscos físicos, químicos e biológicos. Nem dos psicológicos. Talvez consigamos daqui a uns 300 anos... Não vale a pena ficarmos neuróticos com tudo isso, pois isso gera tensão e nos adoece. Devemos nos dedicar a controlar, tanto quanto possível, os riscos.

Risco envolve chance, estatística. Risco vai definir qual a chance de alguma coisa ruim acontecer, dentro da avaliação dos fatores que dispusermos para trabalhar referentes a um ou mais sistemas que conheçamos. Quando falamos de risco biológico, acredite, conhecemos ainda pouco sobre os sistemas. Estamos aprendendo, em alguns casos a passos largos, em outros nem tanto. Somos crianças que querem mostrar para as outras que "o meu é melhor", ou que "eu sei mais do que você." Isso é feio. Muitas vezes tentamos fortalecer nossas medidas, para nós mesmos, apenas psicologicamente, diminuindo as dos outros. Isso não aumenta nossa proteção. Não diminui nossos riscos.

Vamos encarar a realidade. Mesmo que você fique dentro de uma bolha isolado(a), ela vai ter que ser de plástico, que já gera problemas. Se for de vidro, corre o risco de quebrar. Em qualque uma, o filtro de ar vai alterar o próprio ar e talvez ele gere riscos também. E aquele alimento "orgânico" (nome horroroso. Nunca vi um tomate inorgânico, por exemplo), que não recebeu defensivos agrícolas, pode ter sido cultivado em solo pobre, ou pode ter alguma contaminação biológica... Não dá pra fugir 100%.

Use os recursos que tiver para minimizar os danos. Tome suas vitaminas antioxidantes, seus alimentos desintoxicantes, faça exercícios, yoga, medite, ame, se divirta, faça psicoterapia, trabalhe sua postura, tenha ocupações de que goste, tenha contato com a natureza, ouça música, consulte uma nutricionista, acompanhe as notícias sobre saúde (difícil é achar uma fonte que valha a pena), pergunte a seu médico como se prevenir. Escolha suas armas, defina sua estratégia e assuma as consequências do que for deixar passar. Viver é isso!

Admita. Todos nós temos chance de infartar, ter câncer, derrame, "nó nas tripa", levar um tiro, ser atropleados ou, até mesmo, cair um raio em nossas cabeças. Vamos tomar todos os cuidados que sejam pertinentes, com bom senso, sem nos tornar pessoas neuróticas que limitam suas vidas, fervem chupetas de bebê toda hora, nunca deixam os filhos andar descalços ou higienizam as roupas de baixo no microondas. Ou você nunca pegou aquele último biscoito do pacote que caiu no chão, olhou pra um lado e pro outro, e comeu? Hein?

HEIN?!

Bom senso é o guia. E não deixe de usar o filtro solar, alimentos orgânicos são melhores, faça atividade física regularmente e por aí vai.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A reportagem do Rede Bahia Revista

Agora foi, pessoal.

Acabei de assistir a reportagem do Rede Bahia Revista de hoje, da qual participei, sobre Ortomolecular. Foi uma das poucas vezes em que eu vi um material de mídia ser formatado realmente com objetivos de esclarecimento sobre a Ortomolecular. Isso me deixa muito feliz. Obrigado à produção do programa e a Ana Valéria, super carinhosa e competente em seu ofício.

A participação foi pequenininha, mas deu pra esclarecer alguns aspectos importantes.

Primeiro de tudo, que a prescrição Ortomolecular não é "cheia de remédios". Nós temos a necessidade de prescrever alguns suplementos nutricionais (que você pode conhecer mais no post Suplementos Nutricionais) e, como a maioria deles precisam ser manipulados, para atingir seu alto nível de personalização, temos que recorrer às farmácias de manipulação. Como são feitos em cápsulas, e não comprimidos, acabam ficando distribuídos em muitas cápsulas, dando a impressão de "muitos remédios". São, na verdade, um complemento à alimentação diária. A quantidade de cápsulas varia diretamente com as necessidades e buscas de cada paciente, bem como depende de sua alimentação, atividades, riscos e alcance financeiro. Tudo isso é levado em conta. Só precisamos que todo paciente seja muito franco e claro nas suas demandas.

Carlinha mostrou as cápsulas que ela toma, algumas antes e outras depois das refeições, e fez um prato BEM light. Ela está seguindo um programa específico, que atende às necessidades dela, e o está executando muito bem. Há uma orientação nutricional temporária, que NÃO é dietoterapia (já que eu não sou nutricionista), e que serve para alcançar objetivos que atendem a ela. Não quer dizer que todos os paciente tenham que comer de uma forma específica e nem que exista algo como uma Dieta Ortomolecular.

Fiquei feliz e grato com a participação sensata do CREMEB, que manteve a posição técnica e ética que lhe cabe, ratificando o fato de que NÃO EXISTE ESPECIALIDADE MÉDICA ORTOMOLECULAR. É, sim, uma prática aberta a todos os profissionais médicos que se proponham a explorá-la e, eticamente, adquirir os conhecimentos necessários para tanto. Temos uma resolução do CFM, a 1938 de 2010 regulamentando a prática, em revisão a outra resolução, a 1500 de 1998.

Eu quis dizer, no pouco tempo, que o tratamento serve para otimizar o organismo e ampliar a saúde. Serve para, além de tratar pessoas doentes, evitar que elas adoeçam. O verdadeiro objetivo é promoção da saúde, não correr atrás dela. Quero que vocês corram COM ela. Saúde sempre e expandida, para uma qualidade de vida igualmente expandida.

Teria mais um montão de coisas pra falar, mas sabe como é televisão, né? O tempo é curto.

O que importa mesmo é que foi mais uma oportunidade de esclarecer a população sobre esta terapêutica que abre portas para uma saúde melhor e uma vida mais feliz.

domingo, 21 de agosto de 2011

Proibir X Educar

Já faz alguns meses que vemos, através dos meios de comunicação, a discussão sobre se devem ser banidas definitivamente as medicações anorexígenas (também conhecidas como inibidores de apetite) ou se as mesmas devem continuar sendo prescritas por médicos, profissionais capacitados para tanto, sob estrita vigilância através das fichas B2 ou quaisquer outros métodos propostos. A ANVISA está tendendo, ferozmente, a escolher pelo banimento definitivo destes medicamentos.

E daí?

Observe bem: não sou grande prescritor de anorexígenos. Repito: NÃO SOU GRANDE PRESCRITOR DE ANOREXÍGENOS. Só os utilizo como ferramentas terapêuticas quando meu paciente apresenta uma necessidade muito específica como, por exemplo, incapacidade plena de seguir um programa alimentar sem este auxílio medicamentoso. São pouquíssimos os casos onde realmente preciso lançar mão desse recurso, mas eles EXISTEM.

Alguns colegas que, inclusive, tratam muito mais pacientes com obesidade do que eu, fazem um uso ainda mais frequente desses medicamentos. Quando usados corretamente, por profissionais éticos e atentos às reais NECESSIDADES, e não DESEJOS, de seus pacientes, tais medicamentos são tremendamente úteis e bem vindos.

São tão nocivos quanto quaisquer outros, se utilizados incorretamente. Uma das moléculas lícitas que mais males causou a pessoas em todo mundo até hoje é o paracetamol, se tornando o maior causador de insuficiência hepática nos Estados Unidos. Este remédio, fraco analgésico e fraco para baixar e manter baixa a febre, foi até indicado nas propagandas para ser utilizado contra a Dengue! A doença já ataca o fígado e absurdamente te dizem pra usar um medicamento que pode acabar de detonar ele! Que associação inteligente, não?!

Proibir os anorexígenos, além de ser uma limitação a mais para o trabalho médico, vai criar um mercado negro dessas drogas, como já acontece com muitas outras. Hoje, são medicamentos baratos e vendidos com receita controlada B2. Se forem proibidos, vão ter seus valores elevados nas mãos de traficantes inescrupulosos e um monte de jovens mal orientados vão fazer uso sem que suas famílias e médicos saibam. Isso sim é perigoso!

Será que é tão difícil perceber que o único benefício que se pode gerar, na verdade, é a educação real do público e dos profissionais de saúde a respeito dessas medicações? Só através da conscientização podemos trazer segurança ao uso de qualquer substância. Vai doer tanto assim fazer campanhas educativas eficientes, tanto para leigos quanto para profissionais da saúde e, finalmente, FISCALIZAR ADEQUADAMENTE ESSA RELAÇÃO?

Essa conduta paternalista, de proibições, já faz parte do nosso dia a dia de trabalho. Parece que todos os médicos, e também os pacientes, sofrem de algum retardamento mental e não podem tomar decisões sozinhos. São proibidas substâncias sem grandes motivos e, algumas que são potencialmente perigosas, circulam livremente, inclusive sem necessidade de receita, ou alguém acha que não há risco em consumir uma cartela inteira de AAS 500mg?! Vende na farmácia sem nem receita. Isso não é fiscalizado.

A realidade dos suplementos nutricionais no nosso país continua em meia-trava porque, apesar dos esforços de mestres nas áreas de medicina, nutrição e bioquímica para esclarecer o assunto. Os argumentos de "ainda não há estudos que comprovem..." são sempre os mesmos. Será que as agências reguladoras do Japão, da Alemanha e dos EUA são menos competentes do que a ANVISA por liberarem estas substâncias para o uso com a devida orientação?
Finalmente, só me resta crer que muitos se pautem em uma coisa: o lema "é mais barato e fácil proibir do que fiscalizar eficientemente e educar". Que raciocínio raso para basear condutas para toda uma nação, não?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Atividade Física Adaptada - E.F. Jair Silvany

Você já viu pessoas amputadas surfando, pessoas cegas jogando futebol, cardiopatas remando, autistas patinando, pessoas com Síndrome de Down praticando capoeira, diabéticos correndo maratonas? Parece difícil até de imaginar, não é?

Ao longo do tempo, fomos acostumados a associar a prática da atividade física e do esporte aos conceitos de performance, rendimento, recordes. Fomos treinados para buscar resultados: “o mais forte”, “o mais rápido”, “o mais habilidoso”, “o melhor”!

Embora seja um modo de entendimento, este não é o único. Podemos pensar também a prática da atividade física, pelo seu aspecto estético, simbólico, desafiador, social, funcional, etc.

Historicamente, a origem da participação de pessoas que apresentam diferentes e peculiares condições para a prática das atividades físicas ocorreu em programas denominados de ginástica médica, na China, cerca de 3 mil anos a.C. Muitas dessas pessoas, que praticavam a ginástica médica, eram vítimas de lesões decorrentes dos seus serviços, tais como membros amputados, entre outras. Nada muito distante das nossas lesões contemporâneas de trabalho, como dores de coluna por exemplo.

Da ginástica médica até os tempos atuais, a atividade física voltada para pessoas com diferentes condições evoluiu bastante. Hoje, a visão dos profissionais da área de saúde está voltada para encorajar e promover a atividade física para toda e qualquer pessoa durante a vida, entretanto, existe um desafio que consiste em saber lidar com o abundante potencial presente nas pessoas e as suas condições específicas para a atividade física.

A atividade física é o principal caminho para uma vida mais saudável e feliz. TODAS as pessoas podem e devem fazer, lembrando-se sempre de buscar orientação por profissionais preparados para que o exercício seja o mais adaptado possível a sua realidade, gerando o máximo em benefícios para sua vida.





Ou seja, pessoal: QUASE NADA impede uma pessoa, de forma absoluta, de realizar atividades físicas. Tudo depende da orientação adequada. O Professor Jair Silvany tem se dedicado a levantar essa fantástica bandeira de inclusão, realizando trabalhos funcionais adaptados às mais variadas necessidades. Se quiser falar com ele, ligue 71-8331-5113 ou contacte-o em  jjsilvany@hotmail.com.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

CARNE VERMELHA

Finalmente: carne vermelha faz bem ou mal?

Aos que dizem que faz mal, simplesmente percebam que o ser humano é perfeitamente capacitado para consumir carne vermelha, branca ou da cor que quiser. É um animal predador, tendo ambos os olhos voltados para a frente. Tem dentes para todas as funções, desde lascar e cortar até triturar. Tem um aparelho digestivo totalmente capacitado para digerir e aproveitar a carne sem sobrar muitos resíduos. É adaptado para isso.

Nada disso invalida a importância dos vegetais na nossa alimentação. Isso é indiscutível. Eu só fico triste com esse preconceito com o bife. Coitado... Fica lá todo prontinho e suculento, pronto pra ser devorado, e alguém despreza? Quem desdenha quer comprar, viu?

Fora da brincadeira, a carne vermelha é rica em nutrientes. É fonte importantíssima de proteínas, ferro, selênio, zinco, fósforo, potássio, cobre... além de CARNOSINA.

Oxe! Que diabo é isso?

É uma substância presente em músculos e cérebro que, dentre outras coisas, auxilia o organismo no combate à glicação - processo que leva a inutilização de proteínas e enzimas do corpo, relacionado ao envelhecimento e ao surgimento de várias doenças. É um fator nutricional que ajuda seu corpo a manter-se jovem e funcional.

Parece bom né?

E é bom mesmo! Aproveite!

Sabe qual é o verdadeiro problema com a carne? O preparo.

Se você prepara sua carne de forma a ter bordinhas escurecidas e crocantes, com ou sem fuligem, tá procurando problemas. Aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos impregnam aqueles cantinhos e o resto do seu apetitoso churrasco, aumentando seu risco de câncer de intestino. Veja só: grelhada também pode não ser legal. É só você deixar aquelas deliciosas marquinhas da grelha bem marcadinhas.

Carne tem que ser cozida e depois assada. Dá até pra fritar se você usar óleo novo, fervendo e fizer a imersão bem rapidinha (gasta um monte de óleo, mas tem que ser assim).

Não tô dizendo pra você nunca mais ir numa churrascaria! Nada de radicalismos. Eu quero é que você compreenda que carne vermelha é importante e precisa de cuidados para ser consumida. Mantenha a atenção mas lembre-se: prefira sua dieta COM ela.