segunda-feira, 14 de julho de 2014

O "jeitinho" e a retidão

Rapaz...

Nos tempos de criança e adolescente, sempre me dediquei muito à prática dos esportes. Eu realmente


gostava muito de participar, o que me levava a me esforçar em treinamento e buscar sempre os melhores resultados. Naquela época, em qualquer modalidade, havia uma figura absoluta em todas as modalidades que eu praticava. Esta figura icônica, responsável pelos resultados finais de absolutamente tudo, carregando uma responsabilidade absurda nas costas, era o juiz.

Isso mesmo. O juiz era temido e respeitado por todos. Sempre houveram os xingamentos velados e as críticas, quase sempre às escondidas, mas todos sabíamos que o poder de decisão ficava nas mãos dele. Sabe o que a gente fazia? Tentava ajudar.

Como?

Nós nos preocupávamos e éramos insctruídos a seguir as regras. Sempre foi motivo de honra e satisfação pessoal ter um desempenho satisfatório (se possível, vencer) seguindo rigorosamente as regras de cada modalidade esportiva. Essa era a única maneira de alcançar resultados que refletissem nossa real situação em cada esporte. Essa era a única maneira nobre de vencer.

Você deve estar se perguntando:

- Por que esse doido do Adolfo resolveu falar nisso agora?

É simples. Eu assisti aos jogos da Copa do Mundo. Fiquei triste, como qualquer brasileiro, com as duas ridículas derrotas nos últimos jogos. Estou revoltado, como muita gente, com tanta mentira e mal gerenciamento de recursos, nos levando a ter tido a Copa mais cara da história, mas sem contrapartida positiva proporcional para o povo e nossas cidades. Tô retado com uma escalação que se baseava, como inspiração, em um só atleta, apesar da qualidade de muitos outros jogadores da equipe e da disponibilidade de outros atletas igualmente brilhantes, mas que foram deixados de fora. Tem tudo isso e mais: fiquei muito triste em ver que a orientação de base da maioria dos nossos atletas é, simplesmente, simular e iludir.

Me irritou profundamente ver quantas faltas tentamos "cavar"! Quantos laterais e escanteios tentamos "roubar"! Quanto atleta tropeçando no próprio pé e caindo, com a mão no rosto, gritando e "chorando de dor"! Fiquei feliz com as reprimendas de alguns árbitros, que percebiam a malandragem e jogavam mais duro, tendo rendido até cartão amarelo. Tudo bem que a arbitragem estava, em geral, péssima mas, como eu falei ali em cima, precisávamos ajudar os árbitros e não tentar iludi-los cada vez mais.

Ganhar o jogo com ilusões e falcatruas é ROUBO! Eu ainda fui obrigado a ouvir uns 2 ou 3 comentaristas falarem coisas do tipo "isso faz parte do jogo". Como assim?! As REGRAS fazem parte do jogo! Uma disputa serve para determinar qual dos dois lados tem o melhor desempenho. Só com regras rígidas, claras e bem seguidas nós podemos ter competições onde isso possa ser avaliado. Essa idéia do "jeitinho" precisa acabar pois, não nos enganemos, nossas crianças estão assistindo e aprendendo que "roubar" faz parte do processo. Elas estão percebendo que quem é "espertinho" tende a se dar melhor. Isso é absurdo!

Minha maior felicidade ficou em ver a seleção da Alemanha ser campeã. Resultado de muitos anos de treinamento sério e investimento em divisões de base, venceu uma equipe com relativamente poucas faltas, conduta muito reta, seriedade, treinamento duro e caráter. Este exemplo eu quero que minha filha siga.

"Mantenha a calma e siga as regras"
Olhem só. Não sou daqueles que diz que a grama do vizinho é sempre mais verde não. Nós já tivemos muitas seleções melhores do que esta da Alemanha, inclusive em retidão. Essa presepada de dar jeitinho em tudo vem crescendo e acredito que só estamos perdendo com isso. É por isso que me chateei. Também não estendo esta crítica a todos os nossos jogadores, mas que aconteceu um bocado, aconteceu.

Tudo isso se reflete no tratamento de cada um de vocês. Precisamos seguir as regras estabelecidas para alcançar resultados bons. Não adianta tentar dar um "jeitinho" na dieta nem responsabilizar outras pessoas ou coisas pelas nossas falhas. Vamos assumir e lidar com as consequências. Apenas desta forma podemos reorientar os tratamentos para torná-los cada vez mais personalizados e eficientes.

Vamos retos e crescendo sempre!

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