sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ortomolecular é...


Pessoal.

Ortomolecular é uma conduta onde objetivamos promover o equilíbrio bioquímico do organismo. O pai deste termo foi Linus Pauling, duas vezes prêmio Nobel. É óbvio que esta meta só poderá ser plenamente alcançada daqui a muitos anos, mas já somos capazes de gerar diversas melhorias à saúde.


O tratamento envolve revisão dos hábitos de vida, com a adoção de mais saudáveis; atenção aos aspectos psíquicos da vida, sendo estes de extrema importância para a plena saúde; cuidados nutricionais, compreendendo que a boa alimentação é a base para uma saúde plena; atenção à vida atlética do paciente, considerando que as atividades físicas orientadas são tremendamente positivas para suas vidas; prescrição de medicações alopáticas, quando necessário, como qualquer médico; prescrição de suplementos nutricionais para as mais variadas finalidades.

A Ortomolecular vem gerando diversos resultados positivos ao longo dos anos. Se hoje você ouve falar em reposição de flora intestinal após o uso de antibióticos, ácido lipoico vendido como medicamento alopático em farmácias, ácido nicotínico também, omega 3 para variadas finalidades, o grande número de prescrições de vitamina D3 gerando resultados benéficos em diversas situações, a liberação de alguns suplementos nutricionais esportivos e sua evolução no país (ainda devagar, mas finalmente acontecendo), e muitos outros fatos, tudo isso foi introduzido ou sofreu influência, direta ou indireta, dos pesquisadores que internacionalmente se dedicam a esta forma de pensar a saúde. Tudo isso foi atacado por muito tempo, mas hoje as evidências que suportam tais práticas cresceram tanto que não se consegue mais detratá-las.

Como qualquer linha de pensamento, é composta de pessoas que podem ter orientações morais variadas e, como em todas as áreas médicas, há os bons e maus profissionais. Não coloquem todo mundo no mesmo balaio.

A Ortomolecular é, eminentemente, uma linha de trabalho médico preventiva e complementar podendo, também, ser protagonista de diversos tratamentos. O médico que segue esta linha costuma envolver-se em empreitadas multidisciplinares e integrativas, respeitando a importância fundamental dos colegas nutricionistas, enfermeiros, fisioterapêutas, psicólogos, odontólogos, farmacêuticos, biólogos, terapêutas ocupacionais e quaisquer outros envolvidos no cuidado com a saúde das pessoas. Sabemos que a saúde só se desenvolve com o trabalho combinado de todos estes profissionais, fora os engenheiros, analistas de sistemas e tantos outros, de fora da área de saúde, que ajudam a mesma a se desenvolver.

Moda vem, moda vai, e o que fica é a idéia de que devemos cuidar da saúde para que a doença não se instale com tanta frequência e facilidade. Isso é Ortomolecular. Fica a idéia de que podemos fazer o corpo humano funcionar melhor, render melhor e envelhecer com mais saúde, perdendo menos funcionalidade com o tempo. Lembrem que Ortomolecular não é estética, apesar de ajudar a melhorar a estética corporal.

Ninguém ainda é capaz de rejuvenescer ninguém. Este termo, inclusive, irrita muito alguns dos nosso grandes pesquisadores nesta área, que compreendem que, o que realmente fazemos, é modular o processo de envelhecimento para que ele ocorra de forma mais suave. É só isso.

Só escrevi este post para deixar claro o que realmente é Ortomolecular. O que, hoje em dia, convencionou-se chamar de medicina anti-aging no Brasil não é sinônimo de Ortomolecular e é importante que isso fique claro. Hormônios devem ser utilizados com extrema cautela. Utilizados corretamente, podem trazer muitos benefícios, mas isto nunca me fez prescrever um GH. Não que eu seja necessariamente contra, mas  pelo fato de não me sentir totalmente convencido de dever fazê-lo.

Só para apontar:

- Hormônios bioidênticos e não-bioidênticos são, DE FATO, diferentes. Afirmação contrária a isso mostra, apenas, um desconhecimento sobre este tema, o que não é incomum já que se trata de algo ainda pouco difundido;

- Sempre desconfie da opinião de um médico, que esteja criticando alguma coisa, se ele simplesmente fizer afirmações como "sobrecarrega seu fígado", "sobrecarrega seus rins" ou "aumenta o risco de câncer". Se ouvir afirmações deste tipo, pergunte o porquê. Sério. Faça isso mesmo. Não se intimide em perguntar. Se não houver resposta, ele te enrolar ou ficar irritado, saiba que, provavelmente, ele não tem opinião realmente estruturada sobre o tema. Se ele simplesmente disser que "não há estudos que comprovem", pergunte como, em nome do que quer que seja, ele pode estar acompanhando todas as publicações de todos os artigos em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo (a não ser que ele disponha de uma vasta meta-análise sobre o tema embaixo do braço);

- Questione as condutas de seu médico quando percebê-las estranhas. Peça para que ele as explique de uma forma que vocâ entenda. Isso é obrigação dele;

- Procure confrontar opiniões e observe os profissionais que argumentam e os que simplesmente afirmam algo, dogmaticamente. Prefira quem raciocina e consegue expressar suas idéias;

- Não há problema algum em se tomar diversas pílulas ao longo de um dia, desde que devidamente prescritas. Não tenha preconceitos quanto a estas pequenas formas de te fazer ter uma grande saúde;

- Expresse seus limites ideológicos quanto ao uso de quaisquer medicamentos ou técnicas. Salvo em situações de urgência, o médico deve deixar claros os prós e contras de tudo pra você;

- Cuidado com os materiais divulgados em todas as mídias. Eles podem servir como valiosos alertas ou como perigosas barreiras para seu desenvolvimento;

- Não se esqueça que a ciência médica é algo em estágio de desenvolvimento muito modesto ainda. O que temos de fato são muitos modelos teóricos sobre muita coisa, com poucas certezas. Nenhum profissional de saúde será dono da verdade, nem para afirmar que sim, nem para afirmar que não. É necessário extremo bom-senso.

Comunique-se. Tire suas dúvidas. Busque quem se propõe a pesquisar e raciocinar, não necessariamente quem ocupa uma posição de suposta sabedoria ou destaque. Cuidado com os brios.

Cuidado com as modas e as tendências.

Viva saúde.

4 comentários:

  1. Excelente texto, Dr. Adolfo. Parabéns

    No meu site, sigo linha similar à sua (www.icaro.med.br), ao que tudo parece indicar...

    Um abraço

    Ícaro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado Dr Ícaro,

      Obrigado por prestigiar meu blog. Pelo que li de seus materiais, realmente seguimos linhas similares.
      Continuemos buscando!

      Grande abraço.

      Excluir
  2. Esclarecedor, muito bom o post.

    Agora, quanto às recomendações sobre o questionamento, digo com propriedade, 90% dos médicos não gostam de ser questionados.

    Por exemplo a última consulta:
    Dr. falando sobre ganho de peso: "Se está entrando mais do que está saindo, o tanque vai derramar".
    Paciente perguntando: "Pode haver algum distúrbio hormonal que facilite o ganho de peso?"
    Dr. impaciente papagaio: "Não! Se está entrando mais do que está saindo, o tanque vai derramar, isso é básico".

    Melhor eu mudar.
    98% dos médicos respondem assim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado nandopires,

      Muito obrigado por seu comentário.
      De fato, a maioria das respostas alcançadas são desta natureza. Isso nos entristece muito e faz com que muitos pacientes se afastem das abordagens médicas clássicas e, muitas vezes, de bons profissionais tecnicamente que, apenas, são péssimos comunicadores.
      Estas respostas evasivas, incompletas e raivosas só traduzem a impaciência e, muitas vezes, a insegurança de alguns profissionais, que ainda de baseiam em um modelo médico paternalista, do "faça o que eu estou mandando". Esta prática não pode continuar, pois ofende a inteligência e a integridade do paciente, além do próprio código de ética médica.
      Lutamos amplamente contra este tipo de relacionamento, nandopires, e esperamos que ele mude mais e mais a cada dia.
      Grande abraço!

      Excluir