
E daí?
Observe bem: não sou grande prescritor de anorexígenos. Repito: NÃO SOU GRANDE PRESCRITOR DE ANOREXÍGENOS. Só os utilizo como ferramentas terapêuticas quando meu paciente apresenta uma necessidade muito específica como, por exemplo, incapacidade plena de seguir um programa alimentar sem este auxílio medicamentoso. São pouquíssimos os casos onde realmente preciso lançar mão desse recurso, mas eles EXISTEM.
Alguns colegas que, inclusive, tratam muito mais pacientes com obesidade do que eu, fazem um uso ainda mais frequente desses medicamentos. Quando usados corretamente, por profissionais éticos e atentos às reais NECESSIDADES, e não DESEJOS, de seus pacientes, tais medicamentos são tremendamente úteis e bem vindos.

Proibir os anorexígenos, além de ser uma limitação a mais para o trabalho médico, vai criar um mercado negro dessas drogas, como já acontece com muitas outras. Hoje, são medicamentos baratos e vendidos com receita controlada B2. Se forem proibidos, vão ter seus valores elevados nas mãos de traficantes inescrupulosos e um monte de jovens mal orientados vão fazer uso sem que suas famílias e médicos saibam. Isso sim é perigoso!
Será que é tão difícil perceber que o único benefício que se pode gerar, na verdade, é a educação real do público e dos profissionais de saúde a respeito dessas medicações? Só através da conscientização podemos trazer segurança ao uso de qualquer substância. Vai doer tanto assim fazer campanhas educativas eficientes, tanto para leigos quanto para profissionais da saúde e, finalmente, FISCALIZAR ADEQUADAMENTE ESSA RELAÇÃO?
Essa conduta paternalista, de proibições, já faz parte do nosso dia a dia de trabalho. Parece que todos os médicos, e também os pacientes, sofrem de algum retardamento mental e não podem tomar decisões sozinhos. São proibidas substâncias sem grandes motivos e, algumas que são potencialmente perigosas, circulam livremente, inclusive sem necessidade de receita, ou alguém acha que não há risco em consumir uma cartela inteira de AAS 500mg?! Vende na farmácia sem nem receita. Isso não é fiscalizado.

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